Revista Brasileira

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"O público precisa se entender como parte da solução"

Como é o teatro musical feito no Brasil? O estilo chegou ao país em 1858 com um modelo importado de opereta francesa. Cerca de 25 anos depois, as obras ganharam um “jeitinho brasileiro”, com temáticas nacionais e a figura eternizada feminina das vedetes, bailarinas do carnaval. Desde então, o musical brasileiro se reinventou, sobreviveu clandestinamente às censuras da Ditadura Militar (1964-1985) até, em meados dos anos noventa, encontrar apoio nas Leis de Incentivo à Cultura, que permitem a captação de recursos para produções artísticas e garantem a existência da cultura para a plateia brasileira.

 As produtoras precisam apresentar um projeto que passa por uma avaliação criteriosa  nos órgãos de cultura responsáveis pelos editais, sejam eles Fundações Culturais, Secretaria ou, o extinto Ministério da Cultura. Para ser aprovada, a iniciativa precisa ser transparente e apresentar um retorno social, por exemplo, sessões populares, com ingressos a preço de custo. Depois, se o projeto for aprovado, as produções procuram empresas privadas que se isentam de pagarem uma parte dos impostos se patrocinarem um espetáculo. É como se uma parte dos impostos fosse direcionada para financiar a cultura.  Em 2018, o espetáculo Fantasma da Ópera quebrou um recorde captando mais de 28 milhões de reais através da  Lei Rouanet. Durante um ano e meio de temporada, o espetáculo empregou diretamente 150 pessoas, entre atores, bailarinos, músicos e equipe técnica, e outras 530 indiretamente, entre fornecedores, recepcionistas, bilheteiros e brigada de incêndio. Em dezembro 2019, o teto de captação da lei caiu de 60 para um milhão de reais, renegociado para 10 milhões posteriormente, o que inviabilizou diversas montagens.

"Se a gente mora num país que a maioria é negra, por que a maioria dos atores é branca?"


O teatro musical é uma das áreas artísticas que mais trabalha com a ideia de um perfil para cada papel, muitas vezes caindo no estereótipo.  No Brasil, 56,10% da população se declara negra, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se a maioria da população é negra, onde estão os negros do teatro musical?  As atrizes Vanessa Melo e Letícia Soares debatem o racismo estrutural dentro e fora dos palcos. Em 2019, Letícia interpretou a protagonista “Celie” de a Cor Púrpura, um musical que se passa na primeira metade do século XX no sul dos Estados Unidos, abordando machismo e racismo.

Crédito: Acervo Pessoal
Crédito: Acervo Pessoal
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